
Música dançante das décadas de 1920 a 1940
darão o tom da 2ª edição do Festival Internacional I Love Jazz que acontecerá em quatro capitais brasileiras
Entre os dias 30 de julho e 5 de agosto, acontece a etapa paulista. Artistas como Leroy Jones, Antigua Jazz Band, Claude Tissendier, Judy Carmichael, Dixie 5, Pink Turtle, Vitor Biglione e Elza Soares prometem um animado intercâmbio musical nos palcos
Na década de 1910, surgia nos Estados Unidos um novo tipo de música, como conseqüência do encontro de influências entre os valores do negro americano e a cultura européia. Nascia ali o jazz. Desde então, o ritmo passou por diversas modificações e incorporou uma série de influências, tornando-se ora mais reflexivo, ora mais dançante. E é exatamente essa última, a vertente celebrada na segunda edição do Festival Internacional I Love Jazz, evento que ocorre entre os dias 30 de julho e 8 de agosto em quatro capitais brasileiras: Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.
O I Love Jazz tem como objetivo difundir o jazz tradicional, promover uma maior participação popular e desmitificar o estilo, popularizando uma música por muitos considerada sofisticada e hermética. Por isso, o festival inclui em seu formato apresentações gratuitas em lugares de grande circulação. O evento também tem o intuito de estimular um maior intercâmbio entre artistas brasileiros e estrangeiros, com a realização de Jam Sessions, que são reuniões de músicos de bandas diferentes para improvisar temas de jazz. Outro objetivo é gerar uma maior participação de jovens, estudantes e interessados em arte em geral, com palestras, master classes, cursos, oficinas, pocket shows e outras intervenções.
A primeira edição do I Love Jazz aconteceu em 2009 e contou com a participação de artistas nacionais e internacionais de renome na cena musical. Para esse ano, o evento vai focar o jazz dos anos 1920 a 1940. Segundo o diretor geral e curador do evento, Marcelo Costa, é um ritmo conhecido por ser mais popular, irreverente, divertido e dançante. “É um estilo que eu particularmente adoro e foi o estilo predominante à época no mundo todo. Agrada a qualquer tipo de pessoa”, diz.
Outro motivo para a escolha é o fato de os eventos musicais de jazz não focarem essa época. “Normalmente, os festivais que a gente conhece são de jazz moderno ou abrangem todas as fases do jazz, com ênfase no moderno”, explica Marcelo. Com isso, o curador pretende desmistificar a imagem do ritmo como elitista e como música para pessoas mais conservadoras.
Para isso, além da ênfase nas décadas de 1920 a 1940, os organizadores do evento se apoiaram em importantes nomes da cena musical atual. Judy Carmichael é um deles. A pianista norte-americana mistura diferentes estilos de jazz e já foi indicada ao Grammy pelo seu disco “Two Handed Stride”. Outro nome importante – e inédito no Brasil – é Claude Tissendier. O francês é regente, compositor e arranjador, mas se destaca mesmo no saxofone alto. O artista já gravou 15 álbuns e ganhou diversos prêmios. Entre os artistas brasileiros, destaca-se Elza Soares, segundo o curador Marcelo Santos, “a mais jazzista das cantoras brasileiras”.
Jazz é para todo mundo
A indústria fonográfica emergia, os EUA viviam o auge de sua urbanização. Ainda prevalecia a proibição da venda de bebidas alcoólicas na maioria dos estados americanos e a segregação racial era latente em vários deles, principalmente no sul confederado. Foi nesse contexto social que antevia e ao mesmo tempo favorecia mudanças já ocorridas ou iminentes que o jazz viveu o seu ápice. Com a proliferação das big bands e munido de um ritmo dançante e envolvente, o jazz das décadas de 20 a 40 atingiu o auge de sua popularidade e venceu as fronteiras da América do Norte, invadindo o mundo inteiro, via rádio, vitrolas ou por meio do cinema. Era impossível não dançar ao som dos grandes jazzistas. Mesmo que ainda existisse preconceito ao ritmo, até então considerado extremamente popular, o jazz foi a trilha sonora que embalou a emergência desse novo mundo.
E foi para trazer um pouco dessa energia e dar espaço a um dos períodos mais férteis do estilo, que o Festival Internacional I Love Jazz tem como conceito base o chamado jazz tradicional, aquele produzido nas décadas de 20 a 40. Nesta segunda edição, o Festival será realizado entre 30 de julho e 08 de agosto em quatro capitais brasileiras: Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo e sua programação está repleta de músicos convidados, estrangeiros e nacionais, que revivem esse período mais clássico.
De acordo com o diretor geral e curador do festival, Marcelo Costa, a escolha pelo jazz mais tradicional que se tocava nesse período se deve ao pouco número de festivais dedicados ao estilo das décadas de 20, 30 e 40, o que faz com que o brasileiro em geral quase não conheça bem o jazz produzido nessa época. “Normalmente os festivais que a gente conhece são de jazz mais moderno ou então mais abrangentes, mas com mais ênfase no moderno. O brasileiro fundamentalmente conhece bem mais o jazz moderno do que os períodos anteriores”, explica.
A popularidade do Jazz tradicional está ligada ao fato da música ser feita para dançar. Até hoje, o estilo agrada a todos, independente de classe. “Vai direto ao seu coração e você começa a querer se mexer. Eu adoro, muita gente gosta e a maioria não conhece e poderia gostar se conhecesse”, afirma. De acordo com Marcelo Costa, quando o jazz transfigura-se em moderno, no fim da década de 40, ele tornou-se uma música mais adequada para se ouvir do que para dançar e acabou perdendo um pouco de sua popularidade. De acordo com ele, quando o Jazz se torna mais moderno e passa a incorporar outros estilos musicais, ele deixa um pouco de sua popularidade se tornando uma música mais “cerebral”, para ser apreciada. Talvez seja essa falta de contato do brasileiro com o jazz tradicional que tenha criado uma barreira de desconhecimento do público com o estilo.
Atrações
Antigua Jazz Band (Argentina) – versáteis e preocupados com a animação do show, seus integrantes nunca se apresentam de forma estática. Para isso, os portenhos da Antigua se desdobram em variadas formações como solos, duos, trios e pequenos conjuntos. Tudo isso para atrair a atenção do espectador às características fundamentais do tradicional jazz negro. Em seu repertório constam obras de grandes nomes como Joe King Oliver, Luis Armstrong, Jelly Roll Morton e Duke Ellington. O grupo foi fundado em 1968 por oito integrantes da legendária Guardia Vieja Jazz Band, conjunto que desempenhou um papel fundamental na introdução do jazz tradicional na Argentina. Em 1971, o crítico francês Charles Delannoy apontou a Antigua Jazz Band o melhor exemplo de jazz revivalista, superior aos realizados nos Estados Unidos e Europa. Já o célebre saxofonista Harry Carney, que já tocou com Duke Ellington, disse, ouvindo a banda em Buenos Aires: “Hemos tenido que recorrer todo el mundo para volver a escuchar nuestra propia música”. Mais informações e para escutar a banda acesse o site oficial www.antiguajazzband.com.ar.
Claude Tissendier (França) – equilibrando suavidade com a força de seu virtuosismo, o regente, compositor e arranjador Claude Tissendier se destaca nas performances com sax alto, fazendo uma mistura perfeita de estilos que remetem a Benny Carter e Charlie Parker. Tradicional, mas não menos inventivo, o artista encabeçou diversas formações de prestigiadas bancas francesas e estrangeiras. Nascido em 1952, em Toulouse, Tissendier estudou clarinete e sax clássicos no conservatório de sua cidade natal e foi iniciado no jazz por várias bandas regionais. Em 1977, já radicado em Paris, une-se à grande orquestra de Claude Bolling, que reunia os melhores músicos franceses da época. Em 1987, gravou o seu primeiro disco, “Tribute to John Kirby” e, de cara, conquistou o prêmio Sydney Bechet e o prêmio de melhor disco de jazz francês. Gravou quinze álbuns de sua autoria, com algumas participações de prestígio, como Benny Carter, Phil Woods, Clark Terry, Teddy Edwards, Spike Robinson, Guy Lafitte. Claude Tissendier recebeu ainda os prêmios da Académie du Jazz, Hot Club de France e Django d’or.
Dixie 5 (Brasil) – O Grupo Dixie 5 foi criado por músicos que integram a Swiss College Dixie Band, uma das mais famosas bandas de jazz do Brasil. O grupo mantém as tradições e a musicalidade de New Orleans, com uma formação reduzida. Isso permite fazer apresentações em lugares menores e de difícil acesso, atraindo um público diferenciado. Nesta edição do I Love Jazz, eles se apresentarão nas ruas de São Paulo, levando a sério a máxima: o artista tem que ir onde o povo está. O melhor entretenimento para quebrar a rotina do dia a dia nas grandes cidades.
Elza Soares (Brasil) - atemporal, ousada e virtuosa, a cantora possui uma carreira vitoriosa e é reconhecida e admirada nacional e internacionalmente há décadas, pela sua voz inconfundível e apurada técnica vocal. Nos anos 60, ela conheceu Luis Armstrong, uma das grandes lendas da música americana que se encantou com a sua voz de trovão, passando a ser um de seus maiores admiradores. No final dos anos 80, mudou-se para Los Angeles e começou a se apresentar em clubes de jazz locais e de cidades como Nova York, Miami, entre outros. Em 2000, a estrela ganhou o título pela BBC de Londres como a Cantora do Milênio, fortalecendo ainda mais seu prestigio mundo afora. Desde o ano passado, Elza trabalha o seu primeiro CD dedicado exclusivamente a Standards do Jazz, cujo lançamento está previsto para o final deste ano. Neste show exclusivo preparado para o I Love Jazz, “My soul is black”, Elza Soares recebe no palco o renomado trompetista Nivaldo Ornelas.
Vitor Biglione (Argentina) – portenho radicado no Brasil, Biglione é um dos mais consagrados guitarristas da MPB, já tocou com grandes nomes como Gal Costa, Elis Regina, Wagner Tiso, Cássia Eller, entre outros. No início da década de 80 foi integrante do conjunto A Cor do Som. Atuando também como compositor, desenvolveu trabalho ao lado do pianista Marcos Ariel, que resultou no disco "Duo Volume I" em 1994, depois do sexto disco solo de Biglione. Tocou também ao lado de Andy Summers, ex-guitarrista do grupo The Police, e desse trabalho resultou o disco "Strings of Desire", de 1998. Além de várias participações em show e discos, compôs em 1996 a trilha sonora do filme "Como Nascem os Anjos".
Judy Carmichael (Estados Unidos)– considerada a “rainha do stride” e uma das maiores representantes do swing jazz da atualidade, a pianista californiana (radicada em Nova York) foi indicada ao Grammy pelo disco “Two Handed Stride”. Seu apelido, stride, foi dado por Count Basie, em reconhecimento ao seu domínio desse estilo, criado no Harlem, nos anos 20 e 30, que exige técnica e preparação física. Em suas músicas, Judy Carmichael funde vários estilos e épocas do jazz, tornando suas apresentações profundas e completas. Foi classificada pelo jornal The New York Times como “surpreendente, perfeita e cativante”. A artista já se apresentou com Joel Grey, Michael Feinstein, Steve Ross e os Smothers Brothers e em locais como Carnegie Hall (NY) e Museu Peggy Guggenheim (Veneza). Além de Count Basie, outra antiga fã, Sarah Vaughan, a encorajou a gravar seu primeiro álbum “acompanhada”, que ela produziu com integrantes da banda de Basie. Por meio da amizade de Sarah, Judy Carmichael entrou em contato com a música brasileira, pela qual se apaixonou. É admiradora declarada de Tom Jobim, com o qual já tocou e tornou-se amiga, de Elis Regina, Luiz Paulo Simas, João Gilberto e das composições de Ernesto Nazareth. Mais informações sobre a artista em seu site oficial www.judycarmichael.com.
Leroy Jones Sextet (Estados Unidos) - considerado um dos músicos mais completos que New Orleans produziu nos últimos 30 anos, o trompetista é famoso por interpretações que conduzem à história do ritmo, pois ele consegue tecer o passado, o presente e até o futuro do jazz com sua versatilidade. Nascido em New Orleans, Leroy Jones começou a tocar e a estudar música aos 10 anos. Aos 13, já liderava a Danny Barker's young Fairview Baptist Church Brass Band. Leroy Jones é mais um músico reconhecido internacionalmente a se apresentar no I Love Jazz. Já se apresentou em diversos países da Europa, da Ásia, América do Sul e também Austrália. No Brasil, esta será sua quarta participação.
Pink Turtle (França) – com grande estilo e um toque francês de swing, os integrantes do Pink Turtle usam a criatividade do jazz tradicional para interpretarem os maiores sucessos pop dos últimos 30 anos. O vigor de todas essas canções famosas é incrementado pelo melhor da música com a harmonia do jazz. Uma banda divertida que nos leva de volta à essência do swing: é puro entretenimento. O Pink Turtle já participou de grandes festivais como o Vienne Jazz Festival, Megève Festival; St Raphaël Jazz Festival; Marseille Festival; Ascona Jazz Festival (Suíça); Grand Hôtel Festival, em Lund (Suécia); Breda Jazz Festival (Holanda); Tanjazz Festival, em Tânger (Marrocos); entre outros. Os músicos também fizeram concertos freqüentes no Lionel Hampton Jazz Club, do Méridien Etoile Grand Hotel de Paris. Em 1969, a banda se aposentou depois de uma turnê triunfante pelos maiores palcos do mundo. Hoje estão de volta e o público pode saborear novamente aqueles grandes sucessos do passado que o mundo inteiro conheceu. Sete grandes músicos, instrumentos e vozes vão entretê-lo ao máximo.
As fotos das atrações do I Love Jazz 2010 estão disponíveis para download no endereço: www.alexandretelles.com/temp/
PROGRAMAÇÃO
Pocket shows:
30 de julho a 2 de agosto
• Dixie 5 (BRA)
Shows:
3 de agosto – 20h30
• Claude Tissendier 6TET homenageia John Kirby (FRA)
• Leroy Jones Sextet (EUA)
4 de agosto – 20h30
• Antigua Jazz Band (ARG)
• The Judy Carmichael Seven (EUA)
• Master Class com The Judy Carmichael (EUA)
5 de agosto - 20h30
• Victor Biglioni (ARG)
• Elza Soares em "My Soul is Black" convida Nivaldo Ornelas (BRA)
• Pink Turtle (FRA)
Local: Auditório Ibirapuera
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portão 2 - Parque do Ibirapuera
Reservas antecipadas com 20% de desconto, até 30 de julho, apenas no site do Auditório: www.auditorioibirapuera.com.br - R$ 80,00 e R$ 40,00 (meia entrada)
Forma de pagamento: boleto bancário
Setor posterior (fileiras M a P) com preços populares R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia-entrada), apenas na Bilheteria do Auditório Ibirapuera.
Horário de funcionamento: terça a domingo, das 9h às 18h
Formas de pagamento: dinheiro ou cartões de credito e débito.
Ingressos através site e callcenter Tickets For Fun e após dia 30: R$ 100,00 e R$ 50,00 (meia-entrada)
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