O Instituto Vladimir Herzog congratula-se com a Folha de S.Paulo pela reportagem O Instante Decisivo,
de autoria do repórter Lucas Ferraz, publicada no dia 5 de Fevereiro
último, em que o sr. Silvaldo Leung Vieira admite ter sido quem
fotografou o corpo do jornalista Vladimir Herzog, com os joelhos
dobrados e apoiados sobre o solo, tendo uma corda envolvendo seu pescoço
e presa a uma janela. A foto foi feita em 25 de Outubro de 1975, numa
cela do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações-Centro de
Operações de Defesa Interna), notório órgão de repressão política da
ditadura que dominava o Brasil na época.
Essa
documentação fotográfica da farsa montada nos porões do totalitarismo
se destinava claramente a coonestar a versão formalizada em nota oficial
pela ditadura, no sentido de que Vlado – como era conhecido pelos
amigos – se suicidara. Em conseqüência de processo movido pela viúva
Clarice Herzog, tal versão foi posteriormente desmentida pela Justiça e
pelo governo brasileiros, que reconheceram ter o jornalista sido
torturado e assassinado pelos esbirros que povoavam os cárceres da
ditadura. Vlado foi o 38º preso político cuja morte foi oficialmente
classificada como suicídio – forma usual de disfarce para o que não
passava de assassinato.
Mas
a publicação, agora, dessa reportagem se torna extremamente oportuna
logo após a sanção, pela Presidência da República, da Lei de Acesso a
Informações Públicas e dá renovada urgência à necessidade de implantação
e ativação da Comissão da Verdade, com a nomeação de seus membros pela
presidenta Dilma Rousseff.
Dedicado
à luta pelos direitos humanos à vida e à justiça, o Instituto Vladimir
Herzog acredita que uma das primeiras missões dessa Comissão deveria ser
a de inquirir o sr. Silvaldo Leung Vieira, com total transparência e
isenção, para que ele esclareça pormenorizadamente as circunstâncias em
que realizou a foto em questão, de forma a permitir o aprofundamento e
ampliação da investigação.
Segundo
ele, na condição de fotógrafo da Polícia Civil de São Paulo, recebeu
ordem para fazer esse trabalho por requisição do DOPS-Departamento de
Ordem Política e Social. Mas quem lhe teria dado essa ordem? Em outras
palavras, quem era seu chefe? E quem eram os outros 23 fotógrafos que,
segundo ele, foram aprovados no concurso que selecionou esses
profissionais para trabalhar na Polícia Civil? O que eles fotografavam,
por ordens de quem e o que mais faziam? Por que agora, 36 anos mais
tarde, ele resolve se expor publicamente e contar sua história? Que
outras pessoas o conheceram na época em que aqueles fatos ocorreram? E
muitas outras perguntas.
Tudo
isso e mais, acreditamos, deve ser investigado, de forma sábia,
objetiva e desapaixonada – mas esclarecedora – pela Comissão da Verdade.
Sobre o Instituto Vladimir Herzog:
O
Instituto Vladimir Herzog foi constituído em 25 de junho de 2009 com a
missão de contribuir para a reflexão e produção de informação que
garanta o direito à vida e o direito à justiça. Organização sem fins
lucrativos e com neutralidade político-partidária, o Instituto Vladimir
Herzog busca atingir seus objetivos baseando suas ações em três pilares:
Preservar, Construir e Compartilhar. Mais informações podem ser
encontradas no site www.vladimirherzog.org
Pauta
Carla Manga
Colaborador de pautas
Larissa Yamatogue
Marketing e Publicidade
Carol Queiroz
Editor Chefe
Sandra Camillo
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